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Infância e Adolescência durante uma crise financeira

Foto do escritor: modelagemdaeconomiamodelagemdaeconomia

Após duas grandes guerras envolvendo vários Estados e nações, se viu a necessidade de assegurar, a pessoas abaixo de 18 anos de idade, seus direitos básicos, independente de etnia, país, língua, sexo, religião ou status social. Essa necessidade se concretizou em um tratado assinado em 1948 por diversas nações, que passaram a assegurar direitos tais como, alimentação, moradia, lazer, assim como a oportunidade de viver em harmonia e sem situações de miséria e violência.


Apesar do engessado tratado ser bem claro e conciso, suas cláusulas tem sido diversas vezes desrespeitadas, ainda mais após a crise financeira global, em meados de 2008. Politicas públicas perderam espaço e foco afim de conter gastos, a inflação e desagregação financeira de reservas monetárias, isso ocorreu principalmente na Europa.


Dentre as consequências da crise, e o desleixo para com as cláusulas do acordo, um relatório realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância mostrou que diversos países afetados pela recessão de 2008, apresentaram diversas privações no que diz respeito a alimentação básica, vestimentas e oportunidade de lazer. Os dados produzidos por este relatório mostram também, que o número de infantes que entraram na miséria superou os que saíram até o momento, e que 76,5 milhões de crianças vivem em situação de desamparo.


Segundo a pesquisa realizada por Herpertz-Dahlmann em 2013, que os serviços responsáveis pela por promover saúde mental às crianças na Grécia, foram cancelados em diversas cidades, e com isso estima-se que apenas 30% do serviço foi ofertado no país, e que ainda houve uma baixa significativa dos profissionais empregados nessa área. Ainda outro estudo, realizado também na Grécia, mostra que a imunização de crianças gregas entre 2 e 24 meses correspondia a menos de 5% do previsto, tendo em vista a precariedade socioeconômica como fator primordial.


Os vários estudos realizados contextualizam os acontecimentos presentes durante a infância e adolescência que vive o momento da crise financeira mundial, e o presente artigo, baseia-se em uma analise das fontes históricas, sustentada pelos documentos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) sobre como a crise econômica mundial afetou e agravou as condições de vida das crianças e adolescentes nos continentes da Ásia, África, Europa e América do Norte.


As nações consideradas ricas sofreram fortes impactos em sua economia, impactando negativamente nas condições de vida das crianças e adolescentes. A desigualdade instaurada devido a esses fatores, além de emergir em regiões e classes sociais, também se apresenta em discrepâncias entre etnias e grupos culturais distintos. Os negros por exemplo, em solo norte-americano, além de sofrerem consequências de um passado de escravidão, como discriminações e preconceitos, são os mais vulneráveis em tempos de recessão.


Um estudo realizado por Bruckner, Kim e Snowden em 2014, mostra que foi feita uma análise do uso de serviços de emergência relacionados à saúde mental, feito por crianças e jovens, em momento de crise, e as diferenças entre do uso desse serviço entre brancos e negros. Ficou claro que a busca de negros por esse tipo de serviço superou o de brancos, em uma proporção de 21.2% e 17.5%. O estudo ainda salienta que, o número de crianças que necessitam desse tipo de apoio, cresce consideravelmente em momentos de desregulação financeira.


O mesmo estudo ainda pontua que os principais motivos que levam esse quadro a ser realidade, são: o acúmulo de sofrimento por parte dos pais, acrescido pelo desemprego, baixos salários, perdas na família, adoecimento e ausência de infraestrutura de apoio, entre outras causas. Os autores ainda citam que o que gera ansiedade, depressão e outras ordens de sentimentos negativos podem ser passados aos menores.


Portanto percebe-se que para compreender os impactos da crise econômica na vida das crianças e adolescentes, não se pode deixar de levar em conta tais questões, principalmente em países onde há uma disparidade social mais visível, a exemplo de nações pobres e emergentes. As pesquisas discutidas no artigo, salienta um fator decisivo na qualidade de vida de infantes: a situação em que seus pais se encontram, financeira e emocionalmente, determina em grande parte a própria saúde dos mais jovens.


Um estudo liderado por Nicholson, Strazdins, Brown e Bittman em 2012, mostra que a atual situação empregatícia dos responsáveis legais das crianças, impacta diretamente na saúde mental das crianças. A qualidade negativa do emprego, tais como salários, jornadas extensas, falta de seguridade econômica, impactam também negativamente na saúde mental dos menores.


Desde o começo da crise, em 2007, dezenove estados americanos anunciaram um aumento em 49% o número de crianças desabrigadas, e ainda que crianças que entraram em situação de pobreza tem 15% menos chances de completar a educação básica, e 20% menos oportunidades de ingressarem no ensino superior.


De maneira geral, percebe-se que a recessão afetou enormemente a situação dos infantes, tanto financeira quando na questão da saúde.Os resultados dos estudos realizados, tendo em vista a recessão econômica atual, apontaram a importância de se alertar os Ministérios da Saúde de cada país sobre o perigo iminente de cortes no financiamento da saúde a partir de fontes internas e externas.


Vale ressaltar que não somente a Europa e a América do Norte sofreram com a crise econômica, mas a África e a Ásia também foram afetadas significativamente. Uma pesquisa realizada entre os países da Região Africana da OMS, apontou que crises econômicas passadas resultaram em uma menor procura de serviços públicos e cortes em gastos com saúde e educação. A Ásia enfrenta desafios especiais, apesar de ter sido a região que esteve em uma maior crescente econômica por décadas, em relação às demais Anderson, Axelson e Tan (2010), relataram que a crise financeira global, em 2008/2009 foi a maior desaceleração econômica desde a Grande Depressão, e ainda investigaram os principais impactos que a crise econômica trouxe e traz para as populações mais frágeis no continente asiático. Percebeu-se um aumento na mortalidade infantil, e ainda que crianças do sexo feminino estejam morrendo três vezes mais que o masculino, juntamente com um decréscimo na expectativa de vida em sete anos para meninas e seis anos para meninos.


Percebe-se que a crise financeira afetou, principalmente, a infância e a adolescência ao redor do mundo, e, em alguns casos, de maneira permanente em países pobres.Todavia, vale ressaltar que a crise econômica é parte dos processos de gestão do cuidado, mas não pode explicar de forma causal e isolada o desmonte das políticas públicas de promoção e proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes no mundo. Entretanto, é necessário apontar que, apesar de grupos mais jovens como as crianças e os adolescentes serem os primeiros a sentir os reflexos da crise financeira, o mesmo não impede, necessariamente, que os mais jovens sejam autores de uma vida rica em experiências positivas e interessantes, junto à sua família e comunidade.



 


Figura 1 - Diagrama das variáveis que impactam nas crianças e adolescentes


 

Referências:


Aguiar, L. F., Cruz, E. J. S., Pedroso, J. S. & Lemos, F. C. S. (2018). Crise econômica mundial: infância e adolescência na análise dos documentos do UNICEF

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